Sonntag, 25. Februar 2007

Sobrados e mocambos


Muito se tem discutido nos últimos dias (de novo) sobre o que fazer com que menores de idade que praticam crimes hediondos, sendo que, de acordo com a lei atual, eles ficam presos apenas até completar 18 anos. Muitos destes menores são "contratados" por bandidos adultos e instruídos por eles, para cometer os crimes. O que fazer? Instituir a pena de morte?

Em primeiro lugar, é necessário que haja mais polícia na rua. Quanto a isto não há dúvida. Existem bairros na Grande São Paulo, onde a polícia inicia seu expediente às 8h da manhã e encerra às 17h como qualquer funcionário público de repartição. E o que faz o cidadão que é assaltado às 17:15h?
Recorre a quem, se a próxima delegacia fica a pelo menos 20 quilometros dali? E estamos falando de São Paulo, não do interior de Pernambuco.

Mas, se isto é um grande problema, existe um maior ainda, que é a exclusão. O Brasil tem 15% de "incluídos" socialmente e 75% de excluídos. E ser um excluído é muito pior do que eu ou você, que somos incluídos, podemos imaginar.

Ser incluído e fazer parte da turma (não do andar de cima propriament dito), mas do andar médio, é morar num condomínio (com a casa financiada), ter um ou dois carros do ano (financiados, evidentemente), ter os filhos em escola particular, e nos finais de semana, ir a um churrasco ou então ao shopping (fazer comprar com cartão de crédito, pago em 5 ou 10 vezes).
Para isto é necessário que se tenha um emprego, numa indústria, de preferência. Quem não faz parte desta irmandade é um excluído.

Ser um excluído significa que você não tem nada disso, nem casa, nem carro, nem escola. O excluído não é NADA, ele é invisível aos olhos do Brasil. Ele não existe. E este é o problema. Todo mundo quer existir, todo mundo quer fazer parte da coletividade. Todo mundo quer SER.
E acaba sendo como no filme "Thelma e Louise", quando você não tem mais nada, também não tem mais nada a perder.

Não somos nós os incluídos muito mais cruéis do que os menores que cometem estes crimes absurdos? Cruéis pois olhamos só o nosso próprio umbigo, dentro de nossos carros com Insulfilm, e janelas fechadas, dentro de nossos prédios com guarita e segurança 24 hs, com nossos motoristas e nossos filhos enjaulados em escolas particulares por uma questão de segurança. Nós não olhamos para estes rostinhos sujos que vem pedir uma moeda, nós não queremos contato com a pobreza. Nós não queremos acabar com a pobreza, pois talvez se acabamos com ela, vamos descobrir que também somos pobres, e estamos comprando apenas ilusões a prestação.

O brasileiro é servil e cruel. Ele serve aos poderosos e não tem coragem de abrir a boca, a não ser para pedir favor, e cruel quando esquece o outro lado deste país, o lado dos excluídos. Este não existe, só vira realidade quando os excluídos resolvem se manifestar ....

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